22 May
22May

Foi nos países nórdicos da Europa e da América do Norte que as casas pré-fabricadas ganharam impulso, tendo-se depois alastrado um pouco por todo o mundo. A pandemia de Covid-19 foi um dos principais fomentadores deste alastramento devido a fatores como as restrições de espaço nas cidades e a procura elevada de soluções prontas para uso.

A Suécia lidera a implementação de sistemas construtivos em painéis tendo cerca de 80% do seu setor habitacional construído com recurso a estruturas e elementos pré-fabricados em fábricas. Este domínio de mercado está relacionado com a abundância de madeira de crescimento lento, da qualidade premium e das condições climáticas.

As casas pré-fabricadas são fabricadas antecipadamente fora do local e depois entregues e montadas no local.  Existe uma oferta diversificada a nível de modelos, características e preços, desde habitações simples a casas de luxo e de alto design e arquitetura.  Por outro lado, este tipo de construção pode também servir vários propósitos para além da mera habitação, por exemplo para serviços, escritórios, edifícios públicos e empreendimentos turísticos. O menor tempo de construção, bem como a redução no consumo de recursos são os principais trunfos apontados.

Um estudo realizado pela Universidade de Coimbra em colaboração com o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) concluiu que a construção pré-fabricada pode contribuir para atingir as metas ambientais da União Europeia. Neste estudo, que teve a duração de 3 anos, comparou-se a construção pré-fabricada com a construção convencional tanto a nível de custos como a nível ambiental em Lisboa, Berlim e Estocolmo, cidades com climas e custos de vida diferenciados.

A conclusão foi que a pré-fabricação pode reduzir os impactos da construção e demolição dos edifícios. A construção tradicional utiliza cinco vezes mais materiais do que uma construção pré-fabricada, além de serem mais facilmente recicláveis e reutilizáveis os resíduos em fim de vida da construção pré-fabricada. A nível global, estima-se por este estudo, que entre 2020 e 2050 a pré-fabricação possa diminuir as emissões de carbono proveniente dos edifícios em 0.6 % e os custos de construção em 10%.

O estudo foi publicado na revista internacional Building and Environment, no âmbito da tese de doutoramento em sistemas sustentáveis de energia da investigadora Vanessa Tavares, orientada pelo professor Fausto Freire do Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra e mereceu o apoio financeiro da Fundação para a Ciência e Tecnologia no âmbito do programa MIT Portugal.

O enquadramento legal das casas modulares ou pré-fabricadas é semelhante ao das habitações de construção tradicional, pelo que o licenciamento deste tipo de construções é obrigatório. Apesar da construção das casas modulares e pré-fabricadas poder ser mais rápida no que diz respeito ao método e tecnologia de construção, o mesmo não acontece com os procedimentos legais, que terão prazos de resposta e custos semelhantes aos de uma construção tradicional.

A opção pela alternativa modular torna-se interessante do ponto de vista da rapidez, permitindo por exemplo aumentar espaço num curto período de tempo. Outra mais valia é o facto de ser facilmente ampliável, tudo pode ser feito à medida, num ou noutro sentido. O transporte da solução é outro fator diferenciador, podemos levar literalmente a “casa às costas” e mudar de uma só vez de local. Por fim e aquela que é talvez a vantagem que se coaduna mais com as preocupações da atualidade, a sustentabilidade – ao nível da produção, da reutilização e dos consumos.

in Newsletter Maio 2022 - Martínez Echevarría & Ferreira

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